Freguesia de Mogege,
Tudo me quer muito bem: Só a mãe do meu armor Näo sei que raiva me tern.
(Cancioneiro de S. Simão de Novais, quadra 269)
Em meados de 2002, um grupo de cidadãos de Mogege reuniu-se a volta de uma ideia, um sonho – criar um grupo folclórico. Não era tarefa fácil, dada a carência de pessoas capazes de partilhar esse sonho, de o sentir como seu, de o carregar com as dificuldades de um percurso que não se adivinhava fácil. A aventura começou. Durante um ano quase não existiu evolução, havia uma enorme dificulda¬de em encontrar alguém que, artisticamente, comandasse o sonho e lhe desse vida. Em finais de Outubro de 2003, perante a teimosia daqueles que acreditavam, o sonho começou a ganhar consistência, o caminho a percor¬rer tornou-se visível, a probabilidade de sucesso uma realidade. 0 sonho ganhou forma.Certo é, que construir um Rancho Folclórico nos dias de hoje pode ser entendido como um exercício de inutilidade, como uma demonstração de narcisismo de alguns. Redondamente falso.Uma nova associação de pessoas, que através do seu sonho, se debruça sobre o legado dos nossos antepassados e que o transporte para o presente. E o levantar de uma vivencia passada que nos ajudara a compreender o tempo presente.
E a apreciação de um conjunto de valores de um tempo que nos farão rever os mal tratados valores da época em que vivemos.
Hoje, mais de 40 elementos, desde os 7 anos da Ana Rita ate aos 8o anos do Tio Manel, comun¬gam desse sonho. Preparam-se semanalmente, junto a Capela de S. José a quem dedicaram uma moda, para partilhar a vivencia de um tempo já ido com a alegria do tempo presente.0 Rancho Folclórico Santa Mari¬nha de Mogege foi fundado a 18 de Fevereiro de 2004, fez a sua apresentação pública a 3 de Julho de 2004. Sendo apadrinhado pelo Grupo Etnográfico Rusga de Joane. E membro da Associação de Folclore e Etnografia de VN. Famalicão e do INATEL.As gentes do Minho
Calcam de pau, vestem de linho, Comem pão de passarinho, Bebem vinho de enforcado E têm forca que nem diabo.
A gente do Minho canta dançando. Canta durante os trabalhos, canta e dança no terreiro da eira. Canta na procissão canta e Banta no terreiro da tornaria. Coloca no fim de mais um dia de trabalho e de mais uma promessa cumprida a marca do seu carácter.Transporta para o trabalho do campo e para o trabalho da fé a vivacidade e a simplicidade de um ritmo rápido e leve de um canto associado a dança.
0 minhoto urde a trama das suas canções no ambiente que o rodeia. Serve-se dos nomes das flores, das a árvores, das povoações, dos santos das suas devoções, dos usos e costumes da vida rural. Neste domínio, canta o amor, por vezes cone malícia e ironia, mas com muita ingénua sentimentalidade.
Quem me dera ser o linho, Que vós no rota
Quem me dera tantos beijos Como vós no linho dais!
Eu tenho quatro amores, Dois de manha, dois de tarde; A todos digo que sim,
Só a um falo a verdade.
(Cancioneiro de S. Simão de Novais, quadras 376 e 689)